O sazonamento da argila é um método extremamente antigo, mas que ainda é de extrema importância para todo o processo de fabricação cerâmica!
Sem esse tipo de cuidado, a matéria-prima dos cerâmicos se torna inadequada, fazendo com que a produção sofra com perdas e que o produto final não tenha a qualidade ideal.
A seguir, entenda esse conceito e a sua importância. Em seguida, confira também como é o processo de fabricação cerâmica e em quais pontos o sazonamento deve ser realizado. Continue a leitura!
Descubra o que é o sazonamento da argila
O sazonamento da argila, também conhecido simplesmente como envelhecimento, é uma técnica muito antiga, utilizada há vários séculos antes de Cristo.
A prática consiste na estocagem e na exposição de toda a argila extraída de uma jazida ao meio ambiente por um período determinado de tempo, que pode ser de poucos meses ou mesmo até de muitos anos.
O principal objetivo desse tipo de tratamento é o aumento da plasticidade do material, a minimização de trincas durante a secagem, bem como a redução ou eliminação do conteúdo de material orgânico dessas matérias-primas.
Por mais semelhantes que sejam as diferentes práticas de sazonamento da argila, seu mecanismo de envelhecimento depende muito da localização geográfica em que o método é feito.
No continente europeu, por exemplo, em que as estações são bem definidas, faz com que a água presente nos poros dos torrões das argilas evaporem no verão ou congelem durante o inverno.
O sazonamento feito durante o verão, portanto, faz com que a argila seque e se retraia, sofrendo com gretamento e desagregação dos torrões.
No inverno, por sua vez, ocorre o congelamento, que é acompanhado por uma expansão do material e consequente desagregação ou destruição dos torrões.
Graças ao clima tropical, o método de sazonamento mais praticado no Brasil é o de secamento, feito durante o verão.
Agora que você já sabe qual é o conceito de sazonamento da argila, no próximo item, entenda porque essa técnica milenar ainda é importante nos dias atuais.
Entenda a importância desse cuidado para a qualidade dos blocos cerâmicos
O desenvolvimento de novas tecnologias no segmento cerâmico, bem como o advento de equipamentos de preparação e secagem artificial, fez com que muitos acreditassem que o sazonamento da argila se tornasse uma técnica ultrapassada.
As constantes perdas nos processos das fábricas que abandonaram o envelhecimento, porém, demonstraram que os fenômenos de desagregação e umedecimento das argilas são muito mais complexos que o imaginado.
O envio dos materiais diretamente das jazidas para as fábricas não é possível justamente porque não existem tecnologias que simulem artificialmente o processo natural garantido pelo sazonamento.
Isso ocorre porque as pequenas partículas dos argilominerais que compõem as argilas contam com uma carga elétrica superficial negativa.
Considerando que as moléculas de água são polares, elas são atraídas para a superfície das partículas dos argilominerais. O resultado é um material totalmente envolto por uma película de H2O.
Argilas corretamente dispersas, portanto, devem ter as partículas de argilominerais separadas uma das outras por uma camada de água, sendo livres de torrões.
No processo de extrusão, a água atua como um lubrificante, fazendo com que o escoamento da argila exija menos energia em relação ao mesmo processo com a presença de aglomerados.
Assim, argilas com excesso de materiais orgânicos devem ser expostas a períodos de sazonamento longos o suficiente para que o acúmulo de água seja eliminado e sua matéria orgânica seja oxidada.
No mesmo sentido, argilas primárias, formadas geologicamente em camadas, contam com um alinhamento preferencial que impossibilita a hidratação uniforme das partículas.
A conclusão disso é que, sem o correto sazonamento da argila, a extrusão do material se torna problemático, fazendo com que as tensões residuais de secagem provoquem muito mais perdas de material.
No item seguinte, confira as principais etapas da produção de cerâmicas e veja como o envelhecimento da argila é aplicado na prática!
Veja como o sazonamento se insere nas etapas de produção cerâmica
Para que você compreenda melhor a relevância do sazonamento da argila em todo o processo de produção cerâmica, confira as suas principais etapas e em quais fases o envelhecimento é necessário:
Extração do material
A fabricação dos cerâmicos começa nas jazidas de argila, em que o material é extraído por meio de retroescavadeiras, que são operadas por técnicos devidamente qualificados para essa finalidade e com respeito à legislação ambiental.
Logo após a extração, amostras da argila são submetidas a um controle de qualidade, feito geralmente em laboratórios das próprias fábricas. O objetivo é garantir que suas características correspondam aos padrões ideais da produção.
Sazonamento da argila
Assim que a análise laboratorial aprova a argila, ela é direcionada a locais conhecidos como pátios de sazonamento.
São nesses pátios em que o material passa pelo processo de envelhecimento, sendo depositado em camadas alternadas de silte, um tipo de areia fina utilizada para aprimorar sua secagem e reduzir sua retração.
Como mencionamos anteriormente, o tempo de sazonamento da argila pode variar entre cada processo, mas é comum que ele atinja uma média de dois anos.
Ao fim dessa etapa, o excesso de materiais orgânicos e sais indesejados é reduzido, garantindo mais homogeneidade e qualidade para a argila que será posteriormente empregada na produção dos blocos cerâmicos.
Extrusão
Quando está ideal para uso, a argila é misturada, desintegrada e laminada. Em um equipamento chamado de Extrusora, ela é moldada em blocos.
Esses blocos são cortados nas dimensões específicas para cada tipo de tijolo. Simultaneamente, uma inspeção é feita para que peças defeituosas sejam retiradas.
Secagem
A secagem dos blocos obtidos pode ser natural, em que eles são posicionados em um pátio e submetidos à ação climática, de forma semelhante ao que ocorre no sazonamento da argila, ou ainda artificial, através de um túnel de secagem.
Ao contrário do envelhecimento da argila em si, o método artificial de secagem dos blocos obtidos na extrusão garante uma excelente qualidade final ao produto.
Queima
Ao fim da secagem, os blocos cerâmicos são direcionados a fornos com indicadores precisos de temperatura, em que uma equipe qualificada garante o menor consumo possível de energia e a máxima sustentabilidade para a produção.
É a queima que finaliza todo o processo, em que os blocos cerâmicos são obtidos em sua qualidade final e estão prontos para uso!
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